Reconstrucionismo Helênico no Brasil (RHB)
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Proclus e Homero

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Mensagem  Alexandra Seg Nov 16, 2009 5:39 pm

Para quem não gosta de Homero provavelmente por ler literalmente o modo como ele retrata os deuses, dêem uma olhada nisto...


«Para contornar a representação escandalosa das divindades em Homero, como o encontro furtivo de Afrodite e Ares no livro 8 da Odisseia, Proclo empreendeu leituras alegóricas detalhadas de seus mitos para mostrar que Homero estava apresentando imagens simbólicas que se referiam à ordem cósmica, mas as quais eram codificadas em uma linguagem que por definição corrompia as maiores verdades. Muito disso vai além do assunto que estamos tratando, mas uma passagem do comentário de Proclus sobre a República revela suas implicações mágicas:

"Pois em todas tais ficções encontradas nos fazedores de mitos, uma coisa é geralmente sugerida/aludida por outra. Em todas as que os poetas indicam por esses meios, não é um relacionamento de modelos para se copiar, mas de símbolos ("symbola") para algo mais que tem simpatia (sympatheia") com isso, pela virtude da analogia ("analogia")."

Como a poesia de Homero era divinamente inspirada, ela refletia mais o mundo divino do que o mundo mortal, e é por isso que o relacionamento de modelo-cópia não era apropriado segundo Proclus. Em vez disso, os mitos homéricos eram "symbola" (ou, em outros contextos, "symthemata") que tinham que ser interpretados, e não têm que ser análogos em um sentido estrito às verdades que eles expressam. Proclus vai mais longe na noção de analogia, que não detém o sentido moderno que costumamos usar. Para os neoplatonistas, "analogia" originalmente expressava uma relação matemática, mas em contextos alegóricos se referia a uma correspondência entre o significado superficial de um texto e quaisquer verdades metafísicas que os textos expressavam. Mais especificamente, "symbola" para os neoplatonistas eram certos animais, pedras, plantas e substantivos/nomes (ou seja, símbolos linguísticos) que se acreditava serem usados para atrair dadas deidades de esferas celestiais e invisíveis para o mundo visível e material - o propósito último do qual era a unificação dos homens com a fonte de tudo, uma comunhão com a divindade última. Essa unificação era realizada através da "sympatheia", a qual, para os neoplatonistas e estóicos, geralmente era uma conexão ontológica entre o mundo visível e articulado de um lado e o mundo cósmico e unificado do outro
«To circumvent the scandalous depiction of the divinities in Homer, such as the tryst of Aphrodite and Ares in Odyssey book 8, Proclus undertook detailed allegorical readings of his myths to show that Homer was presenting symbolic images that referenced the cosmic order, but which were encoded in language that by definition corrupted the highest truths. Now much of this goes beyond our immediate concerns, but a passage from Proclus’ Commentary on the Republic is revealing for its magical implications:

"For in all such fictions found in the makers of myths, one thing is generally hinted at by another. In all that the poets indicate by these means, it is not a relationship of models to copies, but of symbols (sumbola) to something else which has sympathy (sumpatheia) with it by virtue of analogy (analogia)."

Because Homer’s poetry was divinely inspired, it reflected the divine world rather than the mortal one, which is why the model–copy relationship for Proclus was not appropriate. Instead, Homeric myths are "sumbola" (or, in other contexts, "sunthemata") that have to be interpreted, and do not have to be analogous in a strict sense to the truths that they express. Proclus draws further on the notion of analogy ("analogia"), which does not hold the modern sense that I have used elsewhere in this book. For the Neoplatonists "analogia" originally expressed a mathematical relationship, but in allegorical contexts it referred to a correspondence between the surface meaning of a text and whatever metaphysical truths the text expressed. More specifically, "sumbola" to the Neoplatonists were certain animals, stones, plants, and names (i.e., linguistic symbols) that were believed (...) to attract given deities from the heavenly and invisible spheres into the material and visible world – the ultimate purpose of which was to unify (...) with the source of all (...). (...) communion with ultimate divinity. This unification was accomplished through "sumpatheia", which for the Neoplatonists and Stoics generally was an ontological connection between the visible, articulated world on the one hand, and the unified, cosmic world on the other.»


~ Derek Collins, tradução e negritos meus. ~
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Mensagem  Nat Sciammarella Ter Nov 17, 2009 10:19 am

«Em vez disso, os mitos homéricos eram "symbola" (ou, em outros contextos, "symthemata") que tinham que ser interpretados, e não têm que ser análogos em um sentido estrito às verdades que eles expressam. .»


Perfeito!!!
Nat Sciammarella
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