Reconstrucionismo Helênico no Brasil (RHB)
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Algumas concepções errôneas vindas dos autores a evitarmos:

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Algumas concepções errôneas vindas dos autores a evitarmos: Empty Algumas concepções errôneas vindas dos autores a evitarmos:

Mensagem  Alexandra Ter Jul 07, 2009 1:19 am

# A ideia de que o panteão grego era uma família "governada" pela figura paterna de Zeus é uma invenção de mitógrafos do século XIX (como Thomas Bulfinch). Na prática de culto e nos mitos, as deusas e divindades femininas eram tão respeitadas e amadas quanto suas contrapartes masculinas. Apesar da antiga Grécia ser patriarcal, no reino da religião as mulheres desempenhavam um papel importante. Sacerdotisas e deusas eram tão comuns quanto sacerdotes e deuses.

# A ideia de que Héstia tenha abdicado de seu lugar no Monte Olimpo em favor de Dionísio aparentemente é uma invenção de Robert Graves, uma vez que isso só aparece nos livros dele e não aparece em nenhuma das fontes que ele cita, e nem mesmo nas fontes antigas conhecidas. O que acontece é que quais dos deuses eram "olimpianos" variava por região e, na prática, isso nem parecia ser algo muito importante para os gregos antigos.

(Fonte: livro "Kharis", da Sarah Winter)

~ vamos colocando aqui mais coisas que lembrarmos ou lermos de fontes seguras ~ Smile
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Mensagem  Leandro de Souza Ter Jul 07, 2009 5:56 pm

Eu sempre achei estranha a ideia de que Héstia deixara o Olimpo.Parece-me que acerca de dionisioos populares de nosso país antidoxiam muito.Dizem que é contrario a Apolon e fora gerado para substituir Zeus.Também não é cientifico que houverse existido um periodo matriacal. sunny
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Algumas concepções errôneas vindas dos autores a evitarmos: Empty Matriarcado e outras cositas mais...

Mensagem  Thiago Oliveira Ter Jul 07, 2009 9:01 pm

1- O matriarcado é sim histórico, e por consequência científico. Mas ao contrário do imaginário popular e vulgar não é o oposto do patriarco (que na maioria dos lugares acabou tornando-se algo como uma tirania , empregando o sentido moderno do termo). O Matriarcado foi um período histórico em que se acreditava, no imaginário humano, que a mulher fosse capaz de conceber sozinha, sem o homem, por isso a linhagem era feita de mulher para mulher. Isso não implica necessariamente que as mulheres fossem mais respeitadas ou valorizadas. Mulheres foram honradas como deusas, independentes do momento histórico em diferentes lugares do mundo e do tempo...

2- O mito de Apolo e de Dioniso, e consequentemente sua religião estão intrisecamente ligados. De fato, em termos de história da religião, o culto de Apolo é mais antigo, mas no momento da chegada dos cultos Dionisíacos à Grécia, Apollon e os deuses agrários foram as principais portas de acesso e expansão. ISso pode ser atestado pelo Temenoi de Dioniso em Delfos, onde, no inverno, era Ele quem respondia aos oráculos.

3- O mito é parte da religião sim, mas não é uma narrativa do passado, uma história que já aconteceu. O mito encena sempre o presente do Deus, sendo assim , em um festival como as PAnatenéias que se aproximam não se canta os aniversários ou o nascimento de Athena, mas sim festeja-se a presença d'Ela por mais um ano, se é que consegui fazer o pensamento claro. Ou como diz um certo historiador que não me recordo 'o mito é'. Porém, nem todo mito é religioso, ou relacionado ao culto do deus. Há mitos os quais nós não conseguimos entender, conquanto o distanciamento temporal, que nos impediu de conceber sua possível significação. Bem como há mitos que não tem nenhuma relação direta com os cultos, sendo apenas 'literatuira'. O mito de nascimento de Dioniso por exemplo, faz parte do Seu culto, porém a hipótese de que Ele seria o sucessor de Zeus é bem mais tardia, e pode-se até dizer, que só repercutiu devido à doutrina dos Órficos.
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Mensagem  Alexandra Ter Jul 07, 2009 9:13 pm

Voltando ao assunto, rsrs, no que se refere a autores atuais, melhor os que sejam mais recentes do que os que são de algumas décadas atrás. Primeiro porque as descobertas arqueológicas nos dão novas evidências das coisas, segundo porque os autores dos últimos séculos eram carregados de fortes preconceitos. Às vezes eles discutem o paganismo como se fosse uma noção primitiva que foi 'ajeitada' com o surgimento do monoteísmo; e outras vezes eles tentam conectar práticas nada-a-ver dentro de uma teoria unificada, como faz o pessoal da escola de Cambridge (incluindo James Frazer e Jane Ellen Harrison). Por outro lado, há também problemas com algumas obras atuais que enfatizam demais a teoria feminista em detrimento de uma objetividade. O ideal é podermos ler as coisas com um pouquinho de pé atrás (ou "jogando um pouquinho de sal") até termos certeza de que aquilo é válido.

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Mensagem  filhotedelua Qui Jul 09, 2009 1:00 am

eu acho que um ponto a se pensar é que quando a gente lê algum autor a gente tem a interpretação pessoal dele de algo. Gosto do livro do Renee Menard, por tratar de iconografia, mas ele mesmo assume na introdução do livro que ele usou os mitos do jeito que eram mais adequados a ele para falar da arte. Mesmo quando se pega fontes clássicas, a visão é diferente porque cada autor está inserido em uma época, lugar, especificidade. E o séc. XIX e o XX são séculos moralistas e bem preconceituosos, aquela visão positivista irritante... e dá-lhe filtrar as coisas... quanto mais científico mais confiável,e mesmo assim,rs, com certeza, ainda tem um viés complicado nas coisas mais antigas.
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Mensagem  Leandro de Souza Qui Jul 09, 2009 12:21 pm

Prefiro Hesíodo,Jambilo,os pitagoricos pré-romanos.Havia sim o preconceito dos autores recentemente antigos.Todavia os mais recentes não são mais confiaveis.Devemos criticar tudo o que lermos e não negarmos uma leitura e guiarmo-nos por outra.Um problema que percebo nesse reconstrucionismo,é que elê só usa a historia e a arqueologia.Astronomia,geografia,botânica,zoologia,arquitetura,aritimética,geometria,genética,etnologia,quimica,astrologia,etmologia,minerologia,geologia,meteologia,climatologia,psicologia-geo-etnica,genealogia e ecologia deveriam serem igualmente usadas; nem mais nem menos.Enquanto ao periodo matriacal é uma pesquisa cientifica e não um fato cientifico.Ser patriacal não é ser misogino,machista ou alienante da santidade da maternidade.Ser matriacal não é ser matrilinear. sunny
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Mensagem  Alexandra Qui Jul 09, 2009 1:40 pm

Reconstrucionismo não usa só história não, Leandro.

Bom, continuando, sobre HÉCATE, a ideia de ela ser uma anciã ou uma deusa tríplice (donzela-mãe-anciã) foi algo dado pela wicca. Na mitologia grega antiga ela era mais frequentemente representada como uma mulher jovem, e seus atributos e formas de culto têm pouco a ver com as concepções neo-pagãs dela.
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Mensagem  Thiago Oliveira Qui Jul 09, 2009 8:28 pm

Antes de mais nada acredito que o Leandro caiu em contradição aqui no que diz respeito ao Matriarcado e ao patriarcado. Mas não vou entrar no mérito dessa questão, porque seria até mesmo constrangedor ...

Agora, no que diz respeito às fontes que usamos no reconstrucionismo, concordo inteiramente com a posição da Álex ao afirmar que nós não usamos apenas das ciências históricas como fontes. Até mesmo em um post anterior eu afirmei que o Helenismo é um campo por demais vasto, tão vasto que corremos o risco de cairmos em um poço, caso não tenhamos cuidado, é o caso da leitura enganosa, ou não recomendada. O helenismo usa de muitas outras fontes, direta ou indiretamente. Se você ler o fórum com atenção vai encontrar aqui informações vindas dos mais diversos lugares e campos de conhecimento. Desde a geologia passando pela agronomia, etnologia, etnografia, astronimia, biologia, astronomia, filosofia, sociologia, psicologia, até mesmo à música e à medicina. Agora, por usarmos um padrão histórico (daí nos intutularmo RECONSTRUCIONISTAS) a maior parte das informações, vindas de quais áreas forem, devem ter um fundamento histórico coerente, não necessariamente igual ou semelhante, mas sim coerente, com o período da história grega a que nos reportamos.

Sobre os autores. eu costumo ler os autores que têm um trabalho mais fundamentado, que são mais experientes, mas mesmo assim é preciso reconhecer que:
1- Qualquer autor sempre vai puxar a sardinha para o seu lado, ou seja, ele sempre vai interpretar os fatos e mitos de modo a tornarem fiéis aquilo que ele tenta responder ou afirmar. Isso é natural, mas deve ser observado se essa visão do autor é coerente com as fontes antigas, e a melhor forma de se verificar isso é recorrer as fontes antigas, até mesmo aquelas que ele cita.

2 - Não há uma única corrente de interpretação do mito e da ciência da religião.
'Existem muitas teorias e escolas que dão diferentes definições do mito, diferenciando ou estabelecendo equivalências entre mito e religião. Faço aqui um "tosco" resumo de algumas destas escolas e teorias e peço perdão pois vou escrever correndo.

Estruturalismo - o mito funciona como um corpus discursivo em que o estudioso busca "estruturas" permanentes, representadas por meio de relações formais de pares opositivos que só têm valor a partir destas relações (e não valor "em si"). A narrativa mítica, em suas diversas variações, teria dois níveis de significado: um imediato e linear, conhecido e veiculado pelos membros da cultura em questão; outro relacional (não-linear) e mais profundo, que é o que conhece o estudioso estruturalista. Este último seria como que a representação de uma estrutura de pensamento universal, comum a toda espécie. O principal pensador estruturalista é Claude Lévi-Strauss.

Simbolismo - O mito é expressão e variação de um conteúdo do inconsciente, que se manifesta na psique por meio de sonhos, que teriam uma linguagem semelhante à do mito, e a mesma origem. Para Freud, este conteúdo inconsciente é gerado por experiências da infância, sendo pessoal. Para Jung, o inconsciente tem um nível coletivo, em que o conteúdo (que chama de arquétipos) é compartilhado, o que explicaria a semelhança entre muitos mitos de diversas partes do mundo. Outros adeptos mais modernos desta escola são: Mircea Eliade, que tenta pensar o mito como história sagrada através do desenvolvimento e repetição dos símbolos; Karl Kerényi, que pensa os arquétipos como sendo historica e culturalmente condicionados; e o famoso Joseph Campbell, que trabalha as características semelhantes entre diversos tipos de mitos (principalmente mitos "de herói") em diversas culturas.

Funcionalismo - Escola ligada à nova Antropologia Inglesa, encaminhada por Bronislaw Malinowski. O mito figura não como um produto cultural dentre outros, mas como uma espécie de elemento de coesão e sustentação das diversas instituições e práticas culturais. Ou seja, não vale tanto por seu significado, mas por sua função na cultura em que existe e que em grande parte, portanto, sustenta. Outros teóricos que buscaram seguir uma orientação funcionalista são: Walter Burket, que tenta aplicar esta montagem etnológica ao estudo das religiões clássicas, com grande auxílio de instrumental arqueológico; na minha opinião o trabalho do influente Georges Dumézil é funcionalista, porque embora tomando o pressuposto estruturalista de relações entre elementos no plano da representação cultural, o esquema resultante deste conjunto de relações tem valor como elemento de coesão e fundamentação culturais, com desenvolvimento histórico. Além disso, Dumézil trabalho com elementos que têm valor isoladamente, independentemente de relações estabelecidas. Como desenvolvimento histórico e significado intrínseco estão ausentes de modo determinante na teoria estruturalista, discordo quando alguns tentam classificar a teoria de Dumézil como estruturalista, apenas. Eu acho que como a relação mais fundamental estabelecida por sua teoria é aquela entre mito e instituições e práticas sociais, então o núcleo de sua teoria é funcionalista.

Historicismo - há pesquisadores que buscam estabelecer relações entre contexto histórico e cultural e a presença ou ausência de discurso mítico e seu valor no contexto em questão. O mito estaria intrinsecamente ligado à religião enquanto forma de linguagem e pensamento, distinguindo-se mas não opondo-se à filosofia, identificado com o pensar racional, desde a Grécia Antiga. Os principais são Jean-Pierre Vernant, Pierre Vidal-Naquet, Marcel Detiénne, F. M. Cornford.'

fonte: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20081028054901AA9plDe


Só mais uma coisa... O Leandro acabou com a minha idéia de que 'quem lê escreve bem'. Mas isso não vem ao caso; o importante é ser entendido.
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Algumas concepções errôneas vindas dos autores a evitarmos: Empty Re: Algumas concepções errôneas vindas dos autores a evitarmos:

Mensagem  Leandro de Souza Qui Jul 23, 2009 2:30 pm

Todas essas escolas tem algo em comum:"o positivismo".Tales de mileto era teologico.Esse tipo de escola é encontrada acerca nos Deuses gregos no passado:"Tales de Mileto,Sócrates,Aristotele,Janbiloetc. .Hesíodo já é um cientista diferente assim como Homero,e Orpheus.O trabalho de tais vem-a-ser trabalho dos teologos.Os Deuses hindus são tratados por escolas teologicas lá nas Indias.Será que consiquiremos ressucitar a teologia helênica?
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Algumas concepções errôneas vindas dos autores a evitarmos: Empty Re: Algumas concepções errôneas vindas dos autores a evitarmos:

Mensagem  Thiago Oliveira Qui Jul 23, 2009 9:36 pm

A esse respeito, um livro interessante é o livro do Timothy Jae Alexander, 'The Gos of Reason', que é uma ótima edição, ainda mais que se relaciona diretamente com o reconstrucionismo. Para aqueles que não o conhecem, o Timothy é por assim dizer, o arconte basileus do Reconstrucionsmo norte-americano, e é sem dúvida, a maior referência direta sobre o reconstricionismo,junto com Drew Campbell e Sarah Kate Istra Winter.

O google books oferece uma leitura parcial do livro do Timothy, que eu recomendo profundamente. Quanto à minha opinião, prefiro calar-me e não discutir com o Leandro.

Aqui está o link:


Timothy Jae Alexander - The Gos of Reason
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