Outros deuses

um deus seria qualquer ser imortal, certo? E para isso ele precisaria ter descendência apenas divinas, tendo os dois pais deuses(como no caso de Zeus) ou só um (como no caso de Afrodite Pandemos), ou precisaria comer Ambrósia e beber Néctar (como Ganimedes).

Bem é de saber geral que os deuses sempre foram... férteis, digamos assim.

Então em todos esse tempos em que nós já não temos uma conexão com o divino igual a da Idade dos Hérois devem ter nascido uma penca de novos deuses! aos quais nós não deveríamos cultuar?

Carlos,

não é bem assim. Vamos por partes, ok ?

Um deus é antes de mais nada um imortal sim (um athanatoi, como aparece nos textos clássicos), e essa imortalidade pode ser conseguida de várias maneiras: comendo Ambrosia, sendo filho de imortais (deus e deusa, nesse caso, porque um deus e um mortal resultaria num hemitheoi, um semideus, ou herói [são a mesma coisa]), ou sendo levado pelos deuses nessa condição. Há várias registros para todas as formas. Então o que se percebe é que você meio que tem que ser aceito como um deus, o que ao meu ver remete aos ritos de iniciação tribais na época clássica e arcaica (afinal, a mitologia de um povo são semelhantes a forma de pensar desse povo), ou seja, para ser um deus você precisaria ser aceito por estes como merecedor de alguma forma: mérito, parto ou reciprocidade; mas essa é uma interpretação minha da mitologia.

Já quanto à Idade dos Heróis discordo quando você diz diz que desde aquele tempo não temos uma conexão com o divino de tamanha forma. A todo momento somos tocados por eles e estamos fazendo coisas e vivendo coisas com eles,afinal, eles caminham por aqui; o Olimpo não é tão distante. Mas voltando à mitologia, acontece que a Idade dos Heróis não é necessariamente (ao menos sob meu ponto de vista) um período histórico, mas sim um período mitológico; está restrito ao tempo do mito e não ao tempo do homem. Se por acaso há no mito referência à história é porque, na minha opinião, determinado culto emergiu de forma significativa de modo que um povo recontasse aqueles mitos já contidos na tradição oral alocando-os em sua geegrafia particular, como é o caso exemplar de Hérackles em Tebas. Vejo que de forma não necessária ele tenha nascido lá no palácio de Anfitrião... mas que por lá seu culto tenha desenvolvido de forma bastante importante e espalhado-se para outros lugares o que pode lhe ter surgido a ideia de que este tenha sua origem lá.

Mas é como disse.... essa é a minha interpretação, não quer dizer que seja o certo tampouco a última. Compartilhando ideias aqui talvez você consiga elaborar a sua propria concepção para isto.

Outra coisas que havia esquecido de comentar sobre 'outros deuses' é a questão histórica.


Não podemos deixar de considerar que a civilização grega em certa medida foi 'interrompida' em seu desenvolvimento da mesma forma que ela interrompeu o desenvolvimento de outras por meio das incorporações e das guerras. Com a dominação da Hélada pela Macedônia houve uma mistura que fez com que surgissem novos deuses, da mesma forma que ao longo do tempo esses novos deuses transformaram-se e ampliaram-se para deuses mais novos ainda (Serápis,por exemplo), fundindo-se com os hindus, egípcios e outros... O mesmo aconteceu com os nossos deuses.

Enquanto reconstrucionistas baseamos nossas práticas religiosas nas de um determinado período histórico que é o intervalo entre a idade homérica e a morte de Alexandre (VIII - 323 AEC) e os deuses que cultuamos são resultado dos processes de mistura, influência, guerras e comunicação intercultural entre os povos anteriores e incluídos a esse período; o Hermes grego por mais grego que fosse sofreu influência do Toth egípcio por exemplo, Deméter de tantas deusas de cultos matriarcais vizinhos e de Ísis em um período posterior, Apolo dos deuses asiáticos, Dioniso de Creta... O mesmo aconteceu com os heróis. Muitos deuses "grandes" hoje foram herois que tiveram seus cultos expandidos em determinado momento, e da mesma forma herois menores foram suplantados pelo o culto de herois ou deuses maiores, como o caso de Apolo. Na iconografia comenta-se que até o século XIX por exemplo qualquer Kourôs encontrado era um Apolon em potencial, até que as descobertas arqueológicas e a pesquisa bibliográfica fizeram com que esse generalismo fosse aos poucos desconstruídos e mitos e cultos locais pudessem ser registrados e identificados.

Então acho que a questão é que os nossos deuses são novos deuses.

Eu me atrevo até a dizer que, de certo modo, se fóssemos considerar uma continuidade da religião grega mesmo extinta, poderíamos dizer que o culto dos santos católico hoje é uma parte desse antigo culto dado a influência dos gregos sobre a religio romana resultado da mistura desta com a dos italiotas e etruscos... enfim ... parodiando o Lavousier nada se cria, mas muito se transforma.

Thiago Oliveira escreveu:Carlos,

não é bem assim. Vamos por partes, ok ?

Um deus é antes de mais nada um imortal sim (um athanatoi, como aparece nos textos clássicos), e essa imortalidade pode ser conseguida de várias maneiras: comendo Ambrosia, sendo filho de imortais (deus e deusa, nesse caso, porque um deus e um mortal resultaria num hemitheoi, um semideus, ou herói [são a mesma coisa]), ou sendo levado pelos deuses nessa condição. Há várias registros para todas as formas. Então o que se percebe é que você meio que tem que ser aceito como um deus, o que ao meu ver remete aos ritos de iniciação tribais na época clássica e arcaica (afinal, a mitologia de um povo são semelhantes a forma de pensar desse povo), ou seja, para ser um deus você precisaria ser aceito por estes como merecedor de alguma forma: mérito, parto ou reciprocidade; mas essa é uma interpretação minha da mitologia.

Já quanto à Idade dos Heróis discordo quando você diz diz que desde aquele tempo não temos uma conexão com o divino de tamanha forma. A todo momento somos tocados por eles e estamos fazendo coisas e vivendo coisas com eles,afinal, eles caminham por aqui; o Olimpo não é tão distante. Mas voltando à mitologia, acontece que a Idade dos Heróis não é necessariamente (ao menos sob meu ponto de vista) um período histórico, mas sim um período mitológico; está restrito ao tempo do mito e não ao tempo do homem. Se por acaso há no mito referência à história é porque, na minha opinião, determinado culto emergiu de forma significativa de modo que um povo recontasse aqueles mitos já contidos na tradição oral alocando-os em sua geegrafia particular, como é o caso exemplar de Hérackles em Tebas. Vejo que de forma não necessária ele tenha nascido lá no palácio de Anfitrião... mas que por lá seu culto tenha desenvolvido de forma bastante importante e espalhado-se para outros lugares o que pode lhe ter surgido a ideia de que este tenha sua origem lá.

Mas é como disse.... essa é a minha interpretação, não quer dizer que seja o certo tampouco a última. Compartilhando ideias aqui talvez você consiga elaborar a sua propria concepção para isto.

mas então, ainda que se precise de algum ritual ou aceitação, não haveria novos deuses que desconhecemos hoje? e nós não deveríamos cultuá-los de alguma maneira? Mas como se desconhecemos eles?

Carlos, é como comentei na segunda mensagem

1 - Se há novos deuses, posteriores, há sim. mas não são os deuses "gregos" que nos reportamos no culto politeísta helênico. Há os alexandrinos que cultuam os deuses gregos num período após o nosso, o período da influência egípcia. Há os que fazem um culto pré-helênico, outros exclusivamente cretense (ou o que eles acreditam ser isso). A questão que se coloca é quais os limites pra sua prática (limites cronológicos, pois o culto mudou ao longo do tempo, da mesma forma que agora muda)

Entendi, obrigado

= ]

a disposição

eu acredito que existe uma Deusa da felicidade apesar de nenhum panteão registra-la e cultua-la... mas eu cultuo, chamo Ela de Felicity que significa felicidade e fiz graficamente a imagem dela ,uma Deusa negra com asas e cabelos longos castanhos escuros.