Quanto aos deuses e suas atitudes
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Quanto aos deuses e suas atitudes
Olá!
Sei que devemos honrar e respeitar os deuses pela sua ancestralidade e por serem o que são. Entretanto, por vezes, confesso que sinto um certo desconforto em relação a eventuais atitudes excessivamente agressivas, por parte deles, como nos são apresentadas pelos mitos. Não sei se certas informações devemos interpretar de forma simbólica ou de forma literal... E acabo não sabendo lidar muito bem com esse desconforto. Alguém tem uma palavra que possa me ajudar a lidar com esse desconforto?
Khairete!
Sei que devemos honrar e respeitar os deuses pela sua ancestralidade e por serem o que são. Entretanto, por vezes, confesso que sinto um certo desconforto em relação a eventuais atitudes excessivamente agressivas, por parte deles, como nos são apresentadas pelos mitos. Não sei se certas informações devemos interpretar de forma simbólica ou de forma literal... E acabo não sabendo lidar muito bem com esse desconforto. Alguém tem uma palavra que possa me ajudar a lidar com esse desconforto?
Khairete!
Stephanos- Número de Mensagens : 29
Localização : Rio de Janeiro, Brasil
Emprego/lazer : instrutor de ensino da língua inglesa
Data de inscrição : 14/09/2011
Re: Quanto aos deuses e suas atitudes
Stephanos,
Antes de tudo devemos lembra que os deuses são a plenitude de tudo que há no mundo, tanto o "bom" quanto o "mal" (conceitos extremamente sociais e morais atrelados a tradições e crenças). Depois disso, há de se observar - com muito cuidado - que mito não é História e sim "estórias" através das quais nossos antepassados representavam a crença, relativamente inefável, deles. Por fim, precisa-se rever o conceito do que é agressivo, ruim, bom e em que situação isso se aplica. Vamos a um exemplo mítico:
Poseidon, após Odysseus ter perfurado o olho de Polifemo, condenou um dos mais reconhecidos heróis da guerra de Tróia a sofrimentos inimagináveis pelos mares. Oras, por que o deus dos mares fez isso com esse "cidadão"? Ora, há algo na crença antiga - e que obviamente adotamos para nós - chamada hybris, que é o excesso, a falta de bom senso. Devemos saber onde pisar, com quem lidar e como lidar. Há regras sociais de convivência que devem ser respeitadas e que não foram. Logo, o "cidadão" terá que "expiar" seu erro. O mesmo acontece com Agamemnon, rei de Creta, que ao retornar da guerra de Tróia é morto por sua esposa e amantes. Ora, que vagabunda essa mulher... matou o marido e ainda manteve um amante. Não! Agamemnon quebrou limites por ambição. Foi capaz de sacrificar a própria filha para poder derrubar Tróia, e não pelo bem comum, mas por um jogo de ego. O que inicialmente era o cumprimento de um trato - que foi dispensado pelo protegido, Menelau - se tornou uma "odisséia" de realização pessoal que foi punida, nesse caso com a morte.
Deve-se perceber que o caso aqui não é a expiação de pecados, mas a de "expiar" os excessos que se comete. Se você, um dia - e espero que não - se embriagar e tomar um porre de bebidas alcoólicas, naturalmente, no dia seguinte, terá uma ressaca. É basicamente isso, ação e reação. Não é pecado X virtude. Tanto não é, que - voltando ao primeiro exemplo - quase no fim da Odisséia narra-se que, por ordem de Zeus, Odysseus deve retornar ao lar, pois é seu destino morrer entre o seus num reino farto. Existe uma ordem no cósmos (que em grego já significa Ordem) que é comanda por Zeus. Há aquilo que se pode fazer, há aquilo que não se pode. Quando nós, humanos - comedores de pão e bebedores de vinho -, ultrapassamos os limites, abre-se o momento de reequilibrar o universo, trazer nova ordem. Do contrário, tudo perece. E é função dos deuses manter a ordem, do contrário eles mesmos cairão.
Assim, não é maldade, agressividade ou crueldade dos nossos deuses. É pura e simples reordenação cósmica, organizacional. E até alguns atos que poderíamos considerar como "excessivos" por parte deles, se mostram, no final, como um meio de fazer algo que deveria ser feito.
Proponho a você, se quiser fazer e posteriormente me pedir ajuda, pesquisar ou até mesmo pegar os mitos que você considera "excessivos" por parte dos deuses e analisar as circunstâncias de ação, por parte deles, e o que desencadeou disso. Aí a gente conversa mais
Antes de tudo devemos lembra que os deuses são a plenitude de tudo que há no mundo, tanto o "bom" quanto o "mal" (conceitos extremamente sociais e morais atrelados a tradições e crenças). Depois disso, há de se observar - com muito cuidado - que mito não é História e sim "estórias" através das quais nossos antepassados representavam a crença, relativamente inefável, deles. Por fim, precisa-se rever o conceito do que é agressivo, ruim, bom e em que situação isso se aplica. Vamos a um exemplo mítico:
Poseidon, após Odysseus ter perfurado o olho de Polifemo, condenou um dos mais reconhecidos heróis da guerra de Tróia a sofrimentos inimagináveis pelos mares. Oras, por que o deus dos mares fez isso com esse "cidadão"? Ora, há algo na crença antiga - e que obviamente adotamos para nós - chamada hybris, que é o excesso, a falta de bom senso. Devemos saber onde pisar, com quem lidar e como lidar. Há regras sociais de convivência que devem ser respeitadas e que não foram. Logo, o "cidadão" terá que "expiar" seu erro. O mesmo acontece com Agamemnon, rei de Creta, que ao retornar da guerra de Tróia é morto por sua esposa e amantes. Ora, que vagabunda essa mulher... matou o marido e ainda manteve um amante. Não! Agamemnon quebrou limites por ambição. Foi capaz de sacrificar a própria filha para poder derrubar Tróia, e não pelo bem comum, mas por um jogo de ego. O que inicialmente era o cumprimento de um trato - que foi dispensado pelo protegido, Menelau - se tornou uma "odisséia" de realização pessoal que foi punida, nesse caso com a morte.
Deve-se perceber que o caso aqui não é a expiação de pecados, mas a de "expiar" os excessos que se comete. Se você, um dia - e espero que não - se embriagar e tomar um porre de bebidas alcoólicas, naturalmente, no dia seguinte, terá uma ressaca. É basicamente isso, ação e reação. Não é pecado X virtude. Tanto não é, que - voltando ao primeiro exemplo - quase no fim da Odisséia narra-se que, por ordem de Zeus, Odysseus deve retornar ao lar, pois é seu destino morrer entre o seus num reino farto. Existe uma ordem no cósmos (que em grego já significa Ordem) que é comanda por Zeus. Há aquilo que se pode fazer, há aquilo que não se pode. Quando nós, humanos - comedores de pão e bebedores de vinho -, ultrapassamos os limites, abre-se o momento de reequilibrar o universo, trazer nova ordem. Do contrário, tudo perece. E é função dos deuses manter a ordem, do contrário eles mesmos cairão.
Assim, não é maldade, agressividade ou crueldade dos nossos deuses. É pura e simples reordenação cósmica, organizacional. E até alguns atos que poderíamos considerar como "excessivos" por parte deles, se mostram, no final, como um meio de fazer algo que deveria ser feito.
Proponho a você, se quiser fazer e posteriormente me pedir ajuda, pesquisar ou até mesmo pegar os mitos que você considera "excessivos" por parte dos deuses e analisar as circunstâncias de ação, por parte deles, e o que desencadeou disso. Aí a gente conversa mais
Re: Quanto aos deuses e suas atitudes
Obrigado pela resposta! Farei isso sim, em breve. Vou procurar dentre as coisas que me impressionaram um pouco e colocarei aqui, para que a gente continue esse diálogo. Me lembro ter me impressionado um pouco com Hera, mas não posso lhe dizer com precisão agora. Vou ler tudo mais detalhadamente, para então fundamentar minhas dúvidas.
Valeu pela atenção! Vou trazer coisas mais específicas, no próximo post!
Valeu pela atenção! Vou trazer coisas mais específicas, no próximo post!
Stephanos- Número de Mensagens : 29
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E com relação à Hera?
Hera protagoniza uma série de conflitos envolvendo algum tipo de vingança dela, em relação a Zeus. É claro que Zeus alimenta sua cólera, de certa forma, dando motivos em suas inúmeras "traições" (do ponto de vista da fidelidade no que se refere ao corpo e ao sexo). Entretanto, minha resistência, digamos assim, é quando esses castigos se voltam às mulheres, muitas vezes tomadas por Zeus. Esses castigos também se extendem, muitas vezes, às crianças divinas ou semi-divinas, frutos dessas relações. Crianças essas que não têm culpa das atitudes de seus pais. Como o que acontece com Dionísio, por exemplo. Com entender ou interpretar essa parte dos mitos?
Espero que, mesmo não sendo tão específico (o que me tomaria muito tempo, repetindo coisas que já são conhecidas pela maioria dos membros do fórum), eu tenha conseguido a clareza necessária para que haja o diálogo esclarecedor.
Khaire!
Espero que, mesmo não sendo tão específico (o que me tomaria muito tempo, repetindo coisas que já são conhecidas pela maioria dos membros do fórum), eu tenha conseguido a clareza necessária para que haja o diálogo esclarecedor.
Khaire!
Stephanos- Número de Mensagens : 29
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